Erva daninha
Prender alguém contra si é derramar o sangue dessa pessoa sem dó ou piedade. Estou tão fatigada de destruir a vida daqueles que eu amo mantendo em meu dia-a-dia. Parecem todos tão infelizes, sufocados, envenenados pela minha ruindade.
Uma viciada! Isso que me tornei. Estou doente, a podridão me consome vagamente, tirando tudo de bom que há em mim e, em contraposto, em defesa sádica, vou sugando vampírica todo o vigor daqueles que escolhem permanecer ao meu lado — que são poucos.
Odiosa, orgulhosa, invejosa e melancólica, a morte em pessoa; não, “morte” seria um elogio, um fim para toda essa dor que causo.
Eu sou o precipício, o que destrói, o impossível, o tsunami que desmorona e leva a tudo e todos em rapidez bebum.
Estou tão cansada de machucar quem amo e quero bem. Estou fraca demais. Gostaria de afundar nas águas mais geladas e permanecer lá, trancafiada no fundo de um rio, afogada, sozinha, sem poder mais tocar ou incinerar, sem cortar, sem destruições aparentes.
Nada para estragar, só existir: um corpo sem vida, tão putrido quanto o espírito maligno e luxurioso. A vaidade me consumiu e, com ela, eu levei todos que cometeram o erro de se permitirem amar-me. Eu sou a erva daninha que engana, envenena e mata o jardim florido e cheio de regalias.
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