Chá da tarde de fadas, auroras ensolaradas, chamego e noites de nataL
Quando penso nos dias de dezembro me sinto feliz, cheia de vida e com a esperança de mudanças, renovações, aquela luz que só a noite de natal possui. Não é meu mês predileto, na verdade é novembro, sobre o qual preciso urgentemente escrever sobre, pois foi (sem dúvidas) o melhor novembro da minha vida até hoje e merece uma carta aberta somente para ele.
Porém hoje irei falar um pouco sobre o décimo mês do ano, finalmente! 2024 foi confuso, eu diria... Os dias na faculdade eram lentos, vagarosos até demais, quase sufocantes. É engraçado pensar nisso, porque eu realmente sentia que os dias não passavam de jeito nenhum; parecia que até chegar o crepúsculo e eu poder ir ao ballet ou chegar o fim de semana para eu ver meu amor fora das paredes da universidade, eu não conseguia me acalmar, era como se o relógio estivesse travado.
No entanto, neste exato segundo, quando noto que falta exatos sete dias para a véspera de natal, percebo o quanto este ano passou rápido -- ainda que não tenha sido perceptível para mim durante aqueles dias. Veja bem, meu amado faz aniversário em 03 de abril, neste ano fiz uma mesa com tema de Star Wars (sua franquia predileta), comprei uma torta de cookie para ele (pois cookie é sua comida preferida) e dei infinitas cartas, uma revista e alguns outros presentinhos para ele (minha linguagem de amor é presente e palavras de afirmação e a dele são atos de serviço e palavras de afirmação); e juro que quando paro para pensar neste dia me sinto perdida! É difícil de acreditar que faz tantos meses já...
Contudo, é ainda mais curioso quando penso exatamente na pessoa que eu era em abril e na pessoa que ele era, de certo modo faz meses sim, meses que passaram inacreditavelmente rápidos; porém parece que nós crescemos tanto de lá para cá... Ainda me sinto imatura, complicada, com sentimentos conflitantes e perdidos sobre o mundo a nossa volta, e sinto que ele também; e mesmo assim, parecemos pessoas diferentes daqueles dois em abril, mais adultos, menos ingênuos, mais honestos e compreensivos (empáticos?)... É como se os mundos que habitam dentro de nós tivessem mudado e creio que eles estão ainda mais belos agora, mesmo que ainda possuam cicatrizes, e quiçá mais feridas abertas depois das tantas coisas que ocorreram nesse 2024.
Oh, que ano turbulento para o meu emocional! Apesar de tudo, é um fato que estou viva e agora nas férias tenho tentado trazer alguns dos sentimentos nostálgicos que mencionei na carta anterior quando contei sobre vovó e aquelas tardes assistindo à filmes ou brincando e só sendo feliz.
Se você também anseia por isso, recomendo que comece pelas fadas. As fadas sempre sabem de tudo, são ótimas amigas e conselheiras, e estão sempre dispostas a nos ajudar. A verdade é que faz algumas semanas que eu e meu momoi combinamos de ter um fim de semana ultrarromântico que, no caso, consistia especialmente em eu ir a Praça das Três Escolas para ver a decoração de natal.
Fizemos isso no ano passado, sem planejamento nem nada, uma coincidência feliz, uma decisão espontânea que deixou nossos corações repletos de alegria e por isso decidimos repetir a dose. Para completar tínhamos decidido que faríamos um picnic durante o dia e a noite jantaríamos uma pizza doce na padaria ao arredores da praça, e de lá iríamos ver as atrações natalinas, decorações e tudo o mais que houvesse para assistir.
Mas como disse antes: fadas. Elas estão sempre ao nosso lado observando tudo, acredito que são muito amigas de Deus e por isso desejam fazer o bem aqui na terra e por terem o âmago genuinamente bom, acabam recebendo mensagem melífluas dEle: de quais travessuras aprontar conosco em prol do nosso bem-estar. Há alguns dias, no início da semana, meu peito foi tomado por um desejo pueril, mas quase avassalador de um verdadeiro chá da tarde -- um tea afternoon específico para fadinhas. Até mesmo criar uma pasta no Pinterest devaneando sobre eu criei e cheguei a comentar com meu amor sobre essa vontade que ascendeu em mim, porém nada demais, era papo para outra época.
Acontece que nada é plantado em nosso coração por acaso, especialmente quando se tratam de desejos bons e gentis. Quando acordei no sábado o dia estava bonito, entretanto a medida que a manhã foi passando, o céu foi se tornando cinzento e gélido. Novamente, uma peculiaridade: eu detesto dias chuvosos, sei que há muito romantismo -- ou pelo menos muitas pessoas conseguem romantizar e mesmo amar dias nublados e frios -- em dias como este, porém eu nunca gostei, normalmente fico mais soturna. Mas, ironicamente, ver o tempo se fechando não me abalou em nada. Quando saímos para ir à padaria comprar algumas guloseimas para o picnic e começou a chover na volta, virei para o Juliano e exclamei "bom, acho que já estava preparada para essa possibilidade. Vamos fazer o picnic na mesa mesmo, lá dentro, a propósito... vamos fazer o nosso chá da tarde de fadas!".
E foi simplesmente maravilhoso! Provavelmente até mais do que seria se fosse a ideia inicial, já que de algum modo aquele sonho estava pairando sobre meus pensamentos durante toda a semana... E bom, é verão! terei muitos dias para deitar-me alegremente na grama junto do meu namorado. Como garoou durante toda a tarde, passamos o nosso tempo dentro de casa e penso que meu querido sentiu-se tão aquecido e reconfortado quanto eu.
Tivemos croissant, esfiha (para ele), diversos tipos de petit four, tortinha holandesa e um saboroso pedaço de bolo de chocolate, além disso fiz um cappuccino de um sabor novo que mamãe comprou para mim: Sensação. Como o chocolate, ele é cor-de-rosa e delicioso, tão delicado! Consigo imaginar-me como uma princesa me deleitando e manchando os lábios de rosa claro, como se tivesse passado o dia pintando meu beiços nas pétalas das flores selvagem do campo perto do palácio.
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| Guloseimas, cappuccino, lanchinhos, talheres, livros e guardanapos floridos adornando uma tarde de chuviscos. Foto: Maria Luiza Weiss. |
&nbs;p; No fim das contas, até o Juliano que está longe de ser alguém que consegue apreciar a iguaria que é a cafeína gostou (ainda que tenha reclamado que faltava açúcar hihi). Durante a refeição, ele deixou tocando as canções de Tchaikovsky, especialmente de Quebra-Nozes, dando um ar romântico, etéreo e acentuando a feericidade do nosso encontro.
Depois ainda jogamos UNO (houve um empate), assistimos Demolidor; uma das séries preferidas dele e que comecei a assistir pelo seu incentivo e surpreendentemente gostei. Quero dizer, não sou fã de Marvel e também não exatamente aprecio programas com um teor mais violento, porém seus conflitos cristãos, a sua culpa, seus princípios e como ele trava guerras internas por conta deles e do que o "mundo" pede, o personagem do Justiceiro... Oh, é realmente interessante. Ah, no fim da tarde, ainda deitamos sobre a colcha de retalhos e ficamos lendo nossos livros.
(Re)Comecei o romance "A Extraordinária Livraria de York", que havia lido somente as páginas iniciais em agosto e que infelizmente, com a correria da volta as aulas, acabei deixando de lado; estou gostando demasiadamente, aliás. É bem sentimental, se passa durante a pandemia, um tópico sensível aqui dentro, então será uma leitura desafiadora e emocionante com certeza.
Uma leitura suave é um passatempo deleitoso para uma tarde serena. Foto: Maria Luiza Weiss.
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Durante o anoitecer a chuva aumentou muito e após me chatear um tico com a mudança de planos, concordei que o melhor seria fazermos o nosso passeio pelas decorações no domingo; e foi uma segunda mudança que tornou tudo ainda mais fantástico! O Pai está no comando de tudo e Ele definitivamente sabe o melhor para nós, embora eu seja uma teimosa que demora para enxergar, por vezes...
Eu acordei no dia seguinte e parecia outro universo. O sol estava radiante, vivo, dançante! Saímos de casa para jantar eram quase 18h, e mesmo uma hora depois, a noite continuava clara. Foi um jantar lindo, conversamos muito e eu com certeza amo conversar com as pessoas certas, e de algum modo, sinto que o Juliano aprecia o que eu tenho a dizer o que... significa demais para mim.
Também tenho a impressão de que são nessas conversas que percebemos que há um universo inteiro e completamente infinito dentro de cada um de nós, e por mais que já nos conheçamos muito bem, sempre há algo novo para descobrir ou entender melhor sobre o outro. Às vezes só ouvir o que aquela pessoa está sentindo e pensando no exato segundo em que você perguntou sobre, já é uma novidade que muda sua visão sobre ela ou evolui a visão e faz você amá-la ainda mais.
Pensando bem, pessoas são como flores que o charme se encontra exatamente nelas serem diferentes uma das outras; e até delas mesmo. Afinal, se você observar bem absolutamente todos os dias a mesma florzinha, que está naquele seu vasinho ao lado do copo com lápis, você perceberá que ela também se modifica diariamente e isso é completamente apaixonante... É deslumbrante.
Então é, eu amo ouvir frases soltas, pensamentos aleatórios, sentimentos profundos, sonhos antigos das pessoas, amo quando falam dos seus hobbys, ou coleções, ou qualquer fato que parece desimportante e roteineiro para aquele ser, mas que para mim será um novo bosque para eu desbravar e me admirar ainda mais. E quando descubro novas fabulas, facetas, imaginários e etc de pessoas que na teoria já conheço "por completo", oh! Isso me faz delirar, eu fico em êxtase puro! O existir humano é puramente lindo...
Tudo isso me faz notar que o infinito humano é lindo como as luzes de natal que decoravam a praça quando escureceu! Havia um coral de MPB, a casinha do Papai Noel (que fiquei feliz por perceber que a fila estava lotada) e um presépio fantástico no meio dela. Que encanto! Que noite mais adorável... Quando éramos crianças, meu irmão mais novo era simplesmente apaixonado por presépios, tínhamos vários espalhados pela casa.
 Belíssimo presépio de natal no centro da cidade, uma verdadeira joia. Foto: Maria Luiza Weiss.
&nbs;p; Minha família sempre foi uma família natalina. Gostamos de decorar a casa, assistir filmes de natal, mesmo que estes não se assemelhem nem um pouco com as festas no sol do Brasil hihi, passeávamos pelas absolutamente todas as noites até a véspera só para poder ver as decorações de outras casas, amávamos ter variados modelos de Papais Noeis... Me sinto aliviada que mesmo sendo uma adulta agora, esse amor ainda exista dentro de mim, que eu me sinta em paz vendo a imagem do presépio, que eu suba as escadas correndo junto de mamãe para ver a caravana da Coca-Cola, que hoje eu possa pensar em dar presentes com tanto carinho quanto os que recebi durante toda a vida, que possa escolher os filmes e refletir sobre eles com meus pais e também com o Ju, que eu possa celebrar junto de quem amo e, especialmente, possa rezar e entender o real significado, a verdadeira magia do natal.
Quiçá seja por isso que as auroras de dezembro são tão ensolaradas: é o brilho do coração de Jesus, o sorriso dEle que resplandece aqui na terra. Há muito chamego, carinho, abraços afáveis, amor e esperança em dezembro... Há paz e calmaria!
Eu tenho fé que o próximo ano será recheado de ternura, sonhos e bondade por inteiro. Quando eu acordo e há passarinhos piando no telhado, eu vejo o rostinho sonolento do meu amor, minha cachorrinha levantando e posso abraçar meus pais e ouvir um "bom dia, dormiu bem?"; então eu entendo porque existem dezembros, porque existe vida na terra e porque devemos cultivar o bem e a alegria.
Oh, como eu amo fadas, chás da tarde, manhãs de sol, carinhos, natal, dezembro no geral... E como amo Jesus por ser tão bom conosco, realmente apesar de todos os pesares, só... ser bom... Isso é lindo. É AMOR. E eu amo o AMOR.





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